Fotos: Ney Anderson-Livraria Saraiva

Por Ney Anderson

 

O velho hábito da leitura mantém seus fiéis seguidores, mesmo com o advento da internet e suas várias manifestações, houve quem duvidasse que o tradicional hábito da leitura fosse extinto, entretanto mesmo na era da tecnologia, muita gente acredita que não há nada igual ao prazer de ler um bom livro, saboreando um bom café, deitado numa rede, imaginando os diversos personagens que compõe as milhares de histórias escritas por autores em várias épocas. O hábito da leitura parece não ter fim. Mesmo com toda a especulação sobre a extinção do tradicional hábito de folhear um livro, o que se percebe é que uma boa parcela da sociedade busca a fonte de conhecimento e do prazer nas páginas dos livros.

Embora os e-books e os e-readers, estejam entrando com força no mercado, os livros parecem que não irão perder tão cedo a sua elegância. Basta dar uma volta pelas livrarias, o que se observa são pessoas interessadas em encontrar novas histórias, novos autores, para fazerem deles os companheiros fiéis de viagem.Para a engenheira Josania Bacelar, 36, acompanhada da filha Júlia de Lima, 8, o estímulo para a leitura deve ser feito desde cedo. Elas são clientes assíduas da Livraria Jaqueira, na Zona Norte do Recife, em frente ao bucólico parque de mesmo nome. “A leitura gera criatividade e conhecimento”, acredita. A filha Júlia lê em média quatro livros por mês, ela sempre procura os de mistério e aventura. “Adoro estar na livraria. Queria morar aqui”, revela a menina. Já para o médico Marcos Miranda, 56, a leitura além de ajudar em vários aspectos, é uma grande fonte de entretenimento. “Não existe passatempo melhor. Venho esperar meu filho sair da escola, enquanto isso, fico procurando algum título para me distrair”, comenta.

Júlia, de apenas 8 anos, já é uma leitura voraz 

No outro lado da cidade, no Shopping Center Recife, Zona Sul da capital, existe um verdadeiro oásis para os amantes das letras: a Livraria Saraiva. Ela traz a inovação das megastores, onde se pode encontrar todos os tipos de produtos. Lá as estudantes Mirela Lopes e Rogéria Santos, ambas com vinte e três anos, e que moram no bairro da Cidade Universitária, fazem questão de sempre frequentar o espaço para ver quais são os lançamentos. Mirela, que lê em média seis livros por mês, diz que a leitura ajuda a melhorar a linguagem e “sair um pouco da rotina do dia a dia, entrando em outros “mundos” criados por escritores”. Já a amiga Rogéria, acredita que “não existe nada melhor do que o cheiro dos livros”. As duas concordam que, mesmo com o advento dos e-books, essa tendência vai demorar a pegar, pois acham cansativo ler em telas de computador ou e-readers. Para elas a forma sensorial dos livros ajuda no clima das histórias que estão lendo. “Folhear livros é um paraíso”, pontuam.

As amigas Mirela Lopes e Rogéria Santos, sempre compram livros 

Para os leitores ávidos por novidades, mas também por preços razoáveis, uma boa dica são os sebos virtuais, nesses espaços é possível encontrar obras pela metade do valor vendido nas grandes redes de livrarias. É dessa forma que o estudante universitário, Andrei Alberto, 24, compra na maioria das vezes os títulos de ficção científica que gosta desde criança. “Fico encantado com os temas futuristas, encontro muitas coisas interessantes nos sebos virtuais”, diz.

Não existe hora nem lugar para a prática da leitura. Se os livros estão cada vez mais caros, pode-se recorrer às diversas bibliotecas municipais e comunitárias espalhadas pela cidade, também para os pontos de empréstimos de livros como o projeto Ler é Saber do Instituto Brasil Leitor (IBL), que fica na Estação Central do Recife, no bairro de São José e no Terminal Integrado Pelópidas Silveira, em Paulista. Mesmo com todo o incentivo pela leitura, dados da última pesquisa da Câmara Brasileira do Livro, o brasileiro lê em média 1,8 livros por ano.

Estela Verônica nunca deixa faltar um livro na bolsa

Contrariando esses números, e andando por alguns pontos da cidade, como os parques e praças, o que se observa são várias pessoas lendo, sentadas em bancos, ou até mesmo nas áreas gramadas, é o caso da auxiliar de cozinha, Estela Verônica, 19, que sempre depois do almoço, vêm descansar no Parque 13 de Maio, próximo à Biblioteca Pública Estadual, e traz à tira colo seu “fiel companheiro para todas as horas”, que dessa vez foi uma edição ilustrada do “Novo Testamento”. “Leio em qualquer lugar. Mas aqui é melhor por ser mais calmo e não ter tanto barulho”, diz.

O fato é que, dada as dimensões continentais do Brasil, o índice de leitura ainda é muito baixo, ficamos atrás de países vizinhos como Argentina, Chile e Colômbia. Mas, pelo o que se percebe, mesmo com os poucos leitores de hoje em dia, esse antigo e charmoso hábito vai durar por muitos anos.

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