Crédito das fotos: Rafaela Cavalcante

Por Ney Anderson

Em homenagem aos 10 anos do Angústia Criadora, escritores de todo o país falaram com exclusividade ao site sobre literatura, processo criativo, a importância da escrita ficcional para o mundo e para a vida e diversos outros assuntos. Leia a entrevista a seguir com o convidado de hoje. Divulgue nas suas redes sociais. Acompanhe o Angústia Criadora também no Instagram: @angustiacriadora e Facebook: https://facebook.com/AngustiaCriadora

 

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Mário Rodrigues é contista e romancista. Graduado em Letras, possui especialização em Língua Portuguesa (UPE). Em 2016, venceu o Prêmio Sesc de Literatura na categoria Contos com o livro: Receita para se fazer um monstro (Ed. Record), obra que também seria finalista do Prêmio Jabuti, 2017. Além de vários eventos nacionais – como a FLIP, Flipoços, Jornada de Passo Fundo, Fórum das Letras –, em 2017, participou do Salão do Livro de Paris e da “Primavera Literária” (Paris-Sorbonne, França) na condição de palestrante. Em 2018, lançou o romance A cobrança (Ed. Record).

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O que é literatura? 

Durante muito tempo fui professor de literatura. E, nos manuais escolares, havia uma definição que se repetia: a literatura é a arte da palavra. Eu gostava dessa definição, mas sempre esclarecia para os meus alunos que era uma definição incompleta, porque a literatura vai além do exercício meramente técnico ou estético. É a fronteira última daquilo que nos faz humanos. Ela tem a capacidade mesmo da prospecção e da mineração no que concerne às maiores angústias e sonhos dos homens. Assim como é preciso arrancar o ferro das entranhas da rocha, a literatura arranca de nós o mais íntimo. Há dois sonhos da nossa raça: a máquina do tempo e o teletransporte. Mas nos esquecemos que essas invenções já foram descobertas – é o que chamamos de literatura. É estar no agora, no antes e no depois, em qualquer parte deste mundo ou em qualquer mundo desta parte – enfim, a literatura é o maior dos engenhos humanos.

O que é escrever ficção? 

No famoso poema de Drummond, “A máquina do mundo”, como sabemos, o poeta está na solidão das Minas Gerais e lhe é oferecida, majestosa e circunspecta, a ciência toda do mundo. Mas o poeta recusa a oferta mística e segue seu caminho triste, indiferente. Escrever ficção é exatamente o contrário disso. É o apropriar-se, egoísta e soberbo, da máquina do mundo. É brincar de Deus. É ter ao seu dispor virtualmente todas as possibilidades: criar personas, extinguir personas; gerar mundos, reescrever o mundo; parir tramas e falas. Ter às mãos “essa riqueza sobrante a toda pérola, essa ciência sublime e formidável, mas hermética, essa total explicação da vida, esse nexo primeiro e singular”. Duas responsabilidades, todavia, se impõem, sempre à espreita: haverá a capacidade de se fazer isso ou seremos um sempre um embuste? Haverá a disposição de abdicar de parte significativa de sua vida real para negociar com vidas imaginárias? Pois compor ficção, ao fim e ao cabo, será sempre carregar essa dúvida e essa culpa.

Escrever é um ato político? Por qual motivo?

Sim. Absolutamente sim. Eu diria até mais: escrever não é apenas um ato político, é o mais crítico de todos os atos políticos. Em duas instâncias. A primeira delas no âmbito pessoal: escolher compor, a despeito de todas as outras possibilidades práticas, uma obra literária com a dedicação percebida em Osman Lins, por exemplo, é marcar, politicamente, o seu lugar. “A maior força do escritor no mundo é ser um escritor”. Já no âmbito coletivo, aristotélico, a escrita tem que trazer som e fúria. A literatura estoura tímpanos não faz cócegas nos ouvidos. E isso é intervir no plano político. Novamente Osman Lins: “Escrever, para mim, é um meio, o único de que disponho, de abrir uma clareira nas trevas que me cercam.”

Você escreve para oferecer o quê ao mundo? 

O poema de Gonçalves Dias, “I Juca Pirama”, termina com a clássica frase: “Meninos, eu vi!” A experiência do jovem Tupi, registrada naqueles versos e transmitida pelos séculos, teria morrido se o poeta não tivesse se debruçado sobre aquilo e procurado perpetuar aquele universo. Assim, como o velho timbira, eu escrevo para mostrar as histórias que vi – literalmente ou metamorfoseadas pelo poder ficcional da literatura. Histórias essas que se não fossem registradas por mim, e neste átimo, cairiam no esquecimento. Escrevo para cristalizar essas vidas, esses sentimentos, esses abismos. Já se sabe que os limites do nosso mundo são os limites de nossa linguagem, portanto, quanto mais esgarçarmos os limites mais mundo teremos. É para isso que escrevo: para ampliar os limites do mundo.

O que pretende tocar com a palavra literária, com a ficção? 

Imagino Flaubert: ele está em Rouen, às margens do Sena; como se sabe, o escritor começa a trabalhar logo após o meio-dia e entra pela noite e pela madrugada: a chama de sua vela, dizem, serve de farol para indicar caminhos aos barcos que por ali navegam. Penso que esta é toda a pretensão de um escritor, nem mais nem menos: que a chama do seu trabalho sirva, por menor que seja, para mostrar rotas aos que estão à deriva.

Um mundo forjado em palavras. Se o tempo atual pudesse ser resumido no título de um livro, seja ele hipotético ou não, qual seria? 

O mais irônico é que o título que eu escolheria para resumir o tempo atual (plurimoderno) é um dos primeiros textos do que se convencional chamar de literatura ocidental: Odisseia. Como um aleph, já estava tudo ali. Ainda está tudo ali. Estará sempre tudo ali. É exatamente uma odisseia particular o que estamos vivendo enquanto indivíduos. E, paradoxalmente, também enquanto humanidade. Tudo se resume a essa busca quase interminável pelo caminho de volta à nossa Ítaca, ao nosso reino mais íntimo, aos nossos amores. Passa pelo enfrentamento dos lestrigões e dos ciclopes. Sobreviver às seduções das sirenas, aos naufrágios e aos holocaustos. Perder e reencontrar amigos. Machucando outros, machucar-se. A soma de tudo isso: nosso então.

A incompletude faz parte do trabalho do ficcionista? No sentido de que nunca determinado conto, novela ou romance, estará totalmente finalizado? 

Penso no universo em expansão. Penso naquele quase gol contra o Uruguai em que Pelé dribla o goleiro Mazurkiewicz e chuta para fora. Penso na Torre Eiffel montada provisoriamente a título de exposição e que se transforma na principal referência do lugar. Portanto, em uma obra literária, o sentido de trânsito, de falha e de provisório não me incomoda de modo exacerbado, é preciso conviver com isso. Bolaño, em algum lugar do 2666, vaticina que novelas perfeitas não interessam a ele. O que o interessa certamente é a ampla grandeza daquelas obras que se espraiam em todas as direções. Se é função da literatura o trabalho de ourives, o lapidar incansável, até chegar ao máximo da lapidação; também é função da literatura enveredar pelas funduras das minas, pelos leitos dos rios, em busca do bruto do mundo. Enfim, como já foi dito, ninguém dá por terminada uma obra literária, apenas a abandonamos. É a cartilha de Beckett: “Tenta. Fracassa. Não importa. Tenta outra vez. Fracassa de novo. Fracassa melhor.”

Qual o pacto que deve ser feito entre o escritor e a história que ele está escrevendo? 

A literatura é o espaço da liberdade plena. O retângulo compreendido pela folha de papel em branco ou pela tela do computador não deve conter pudores, preconceitos ou covardias. Pactos são, por natureza, amarras. Portanto, o único pacto possível é não haver pactos. A história tem que ir até onde ela deve ir. É isso que se espera de um escritor. Olhar e continuar olhando para aquele ponto, para aquela pereba existencial. Quando a maioria das pessoas, todas as outras pessoas, já teriam desviado o olhar, o escritor não! Ele sustenta a vista até o paroxismo da dor.

O que pode determinar, do ponto de vista criativo, o êxito e o fracasso de uma obra literária? 

Gosto da palavra sucesso. (Excluindo seu sentido ordinário, sucesso como a consecução de aviamentos e dinheiros.) Gosto do sentido etimológico primevo da palavra. Sucesso no sentido de suceder, fazer acontecer, realizar. Do ponto de vista criativo, o sucesso está muito mais vinculado a produzir do que a uma possível repercussão entre leitores, ou vendas, ou entrevistas na TV, ou respeito dos pares – tudo isso tão relativo e circunstancial. Sucesso teve Kaváfis, apesar de não ter publicado um livro sequer. Sucesso teve Pessoa, que publicou um livro em vida, mas do seu baú interminável continuam a sair maravilhas. Sucesso teve aquele porteiro nova-iorquino, que deixou milhares de páginas em seu quartinho, um livro gigantesco, escrito por toda a vida, escrito para si mesmo.

Como surgiu em você o primeiro impulsivo criativo?

Eu tenho um privilégio em relação a outros escritores. Sei exatamente o momento em que minha literatura nasceu, em que escrevi o primeiro texto de ficção. Eu havia ganhado uma máquina de escrever do pai, uma Olivetti Lettera. Como forma de agradecimento, escrevi um conto para ele. Era um conto totalmente primário. Falava da relação do pai com o filho caçula, e como o menino o admirava. Entreguei aquela história para meu pai e ele a leu. Pai era um sertanejo quase todo feito de sal, não chorava nunca e quase nunca ria. Mas no momento em que leu aquele conto com o qual o presenteei, sentiu um baque. Eu gosto de imaginar que seus olhos marejaram. Então, inferi que, se aquela arte mexia assim com meu pai, eu tinha nas mãos uma grande ferramenta. Até hoje busco causar, nos leitores, esse mesmo baque.

As suas leituras acontecem a partir de quais interesses?

Sou um leitor onívoro. Tudo, absolutamente tudo, me interessa. Me interessa a linguagem, me interessa a composição psicológica dos personagens, me interessa o enredo, as tramas; tenho muita curiosidade acerca dos escritores novos que estão surgindo, gosto de pegar seu pulso, sentir sua força criativa; gosto dos clássicos, sejam eles nacionais ou universais. Gosto de romances herméticos e gosto de romances policiais. Hard-boiled, soft-boiled. Concordo com Tchekov: “Experimente todos os temas. Temas variados, ridículos e lacrimogêneos. Veja tudo. Pois a grande questão será: não o que viu, mas como viu.” Se a literatura é a metáfora da vida, e tudo na vida me interessa, toda literatura, portanto, aguça minha curiosidade.

Escrever e ler são partes indissociáveis do mesmo processo de criação. Como equilibrar o desejo de ler com o de escrever? 

Não há criação literária sem leitura. Um caminhão de leituras. É condição indispensável. É ocioso esclarecer, mas o faço: quando falamos de leitura, estamos falando do seu sentido mais amplo possível, vigotskiano. Porém, há uma angústia aqui: por que continuar a escrever num mundo, e numa língua, em que grandes obras já foram feitas? Acrescentemos a isso o desafio de Guimarães Rosa a Fernando Sabino: erga catedrais e não vá assar biscoitos. Nesse equilíbrio delicado, circula o escritor.

Um escritor é escritor 24 horas por dia? É, ao mesmo tempo, uma benção e uma maldição? 

O escritor é um escritor 24 horas por dia, mesmo que não esteja escrevendo 24 horas por dia. É uma forma de vida. De estar no mundo. E, sim, é uma maldição: o sujeito está condenado a viver duas vidas. A comezinha, cotidiana, e, ao mesmo tempo, uma vida paralela, suplente. Onde quer que vá, ele vai concebendo o seu mundo, suas pessoas, suas interações, seus universos ficcionais. Uma loucura socialmente aceitável para a qual não há tratamento.

O crítico Harold Bloom falava sobre o fantasma da influência. Você lida bem com isso? 

Simplesmente é inescusável o fato de sermos influenciáveis e influenciados em todos os espaços da nossa vida. Nós falamos uma língua que é fruto da influência, dentro dessa língua temos nosso sotaque, até nossa prosódia é emprestada. É infantil querer exorcizar todo e qualquer tipo de influência, sobretudo nos primeiros exercícios de escrita e ficção: quando roubamos nossos autores preferidos. Obviamente isso não impede que, ao longo do processo, você vá descobrir sua própria voz, que será geralmente um amálgama das vozes que o transpassaram no período de formação. Paciência é a palavra-chave. “O talento é a eterna paciência”, já escreveu Flaubert. Um ótimo exemplo é o que acontece na relação Dashiell Hammett e Raymond Chandler. Chandler emula Hammett descaradamente nos primeiros textos. Mas, com o tempo, o discípulo supera o mestre. No fundo é tour de force – é justo que fique o mais forte.

O escritor sempre está tentando escrever a obra perfeita? 

É preciso refletir sobre o sentido de perfeita. Não há, e nunca houve, uma perfeição ubíqua. Esse conceito sempre estará flechado pelo tempo, pelo lugar, pelo homem da vez. Fiquemos então com o vocábulo puro: “Per”, completa; “Feita”, realizada. Realizar por completo. Perfeição seria deixar algo definitivamente pronto. Mas existiria em literatura essa possibilidade? Deveria mesmo ser buscada? E o depois? Por que um alpinista enfrenta uma montanha: para ver lá de cima uma paisagem perfeita (algo que ele veria numa fotografia, por exemplo)? Ou o valor é mesmo vencer metro a metro a escarpa perigosa? Sentir todas as suas potencialidades sendo testadas e a força de seus talabartes? “Busco pelo prazer da busca”, diz Borges, “jamais do encontro.” Talvez nisso esteja a resposta.

Como Flaubert disse certa vez, escrever é uma maneira de viver? 

Sim. Nas reflexões anteriores, está patente a forma como observo a escrita. É como a pergunta de Rilke: no escuro da noite, ao se questionar: morreria se não escrevesse, e a resposta é sempre “sim”. Então, escreva. Está-se fadado a essa vida – independe de publicação, leitor, êxito comercial.

Quando você chega na conclusão de que alcançou o objetivo na escrita (na conclusão) da sua história?  

É um filho cada livro. Há o momento de fecundar, gestar, ninar, direcionar, até disciplinar. Mas há o momento de deixá-lo partir para enfrentar o mundo e suas bordoadas. Como pais, queremos adiar ao máximo esse momento, queremos talvez que ele nunca chegue, porque haverá sempre algo ainda a fazer. Mas, em algum momento, é preciso deixar o livro-filho partir: é quando o livro se cansa de nós. Voltando a Flaubert, ele soube quando fazer isso com a Bovary, depois de 5 anos de escrita e reescrita. Mas não soube fazer com A Tentação de Santo Antônio, em que trabalhou por três décadas. O escritor precisa saber quando o livro, já adulto, não quer mais direcionamentos.

A literatura precisa do caos para existir?

Para os gregos, na concepção de Hesíodo, Caos é o deus que deu origem a tudo. Igualmente na literatura. Conformismo, amaneiramento e bom-mocismo são a antítese da literatura. Um livro fracassa quando o leitor sai dele sorrindo – a não ser que o sorriso seja de dentes faltantes, pós-soco. O verdadeiro escritor se interessa por problemas e suas repercussões. Foge do maniqueísmo. Foge das bandeiras facilmente defendidas. É como aquele poema do Schiller em que a donzela joga a luva no meio das feras – leão, tigre, pantera – e pede para o cavaleiro ir lá, na arena, buscá-la. E o cavaleiro vai e enfrenta as alimárias. Recupera a luva. Só para, de volta ao camarote, jogá-la na cara da donzela. O escritor, jogado às feras, nunca deve perder a vontade de jogar o que for preciso na cara da sociedade.

O escritor é um eterno inconformado com a vida? 

Depende. A fauna daquilo que se convencionou chamar de “escritores” é vasta demais para uma resposta absoluta. Há escritores que são meramente alpinistas sociais (o que é incongruente, pois vivemos o momento histórico em que o escritor é mais desvalorizado na sociedade), outros escrevem romances para cumprir o gabarito do que os limpinhos esperam (tudo muito de acordo com o zeitgeist, com o que a média da sensibilidade mundana exige: tipo uma novela da Globo, das 6h), outros são os escritores que “falam javanês”, ocos; são como aqueles castelos de papelão de parques temáticos: quando se ultrapassa a fachada, não há, rigorosamente, nada. Mas, como disse, o sábio: “O escritor (de verdade) é como se numa sala entrasse um pássaro.”

Cite um trecho de alguma obra que te marcou profundamente.

“À vista disso, à vista dessa incompetência geral para julgar, da ligeireza e dos extraordinários resultados que obtinham com tão fracos meios, impondo os seus protegidos, os seus favoritos, fiquei tendo um imenso desprezo, um grande nojo, por tudo quanto tocava às letras, à política e à ciência, acreditando que todas as nossas admirações e respeitos não são mais que sugestões, embustes e ilusões, fabricados por meia dúzia de incompetentes que se apoiam e se impuseram à credulidade pública e à insondável burrice da natureza humana.” Lima Barreto, Recordações do Escrivão Isaías Caminha.

Apenas um livro para livrá-lo do fim do mundo em uma espaçonave. O seu livro inesquecível. Qual seria? 

Respondo essa pergunta da maneira mais pragmática possível. O livro que eu levaria seria Infância, do Graciliano Ramos. Foi o primeiro livro que li e que moveu em mim a vontade de escrever. Aquela dicção e aquele mundo, que eram os meus, mostravam que é possível, munido apenas de minhas referências, compor a minha literatura. Aquele livro era combustível e era semente. Por isso, será sempre capaz de nos levar a novos mundos e lá plantar o embrião do novo pelo sideral espaço. “Daquela hora antiga, daqueles minutos, lembro-me perfeitamente.”

Qual a sua angústia criadora? 

Adorno questiona se é possível escrever poesia depois de Auschwitz. Me questiono como fazer ficção em um país onde quatro mil de seus filhos morrem diariamente sem causar espanto e revolta? Eis a angústia! Adorno, no entanto, repensa sua frase quando lê Paul Celan. Repenso, também, a pergunta que fiz quando leio Érico Veríssimo: “Desde que, adulto, comecei a escrever romances, tem-me animado até hoje a ideia de que o menos que um escritor pode fazer, numa época de atrocidades e injustiças como a nossa, é acender a sua lâmpada, trazer luz sobre a realidade de seu mundo, evitando que sobre ele caia a escuridão, propícia aos ladrões, aos assassinos e aos tiranos. Sim, segurar a lâmpada, a despeito da náusea e do horror. Se não tivermos uma lâmpada elétrica, acendamos nosso toco de vela ou, em último caso, risquemos fósforos repetidamente, como um sinal de que não desertamos nosso posto.”

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