Publicado pela editora Paraquedas, “O Teatro da Fama”, da jornalista Mariana Grebler, narra a experiência da autora em trabalhar nos bastidores da indústria da moda e revela detalhes de seu dia a dia rodeada de aspirantes à fama, celebridades e marcas na busca por uma fatia do olimpo midiático 

A mineira Mariana Grebler detalha em seu livro “O Teatro Da Fama – As aventuras de uma jornalista no meio da moda e das celebridades em Nova York, Londres e São Paulo” (Editora Paraquedas), um lado menos encantador da vida dos profissionais que orbitam ao redor dos famosos ou dos que ainda sonham com os holofotes.

A obra, disponível para a compra online conta como Mariana entrou, meio que por acaso, no universo das agências de modelos. Mesmo com sua formação de jornalista, sua carreira se direcionou para o mercado de moda, o que a levou a atuar durante quase duas décadas nestes bastidores, lidando com muita criatividade mas também com egos exaltados e interesses complexos.

Em 2021, isolada para tratar da Covid-19, a autora começou a pinçar as histórias da memória e iniciou a escrita. Os contornos finais da obra ocorreram no ano seguinte, com o auxílio da editora. “Os temas centrais que trago para o livro são Moda versus Arte, Fama versus Ego e relações de trabalho. São reflexões pautadas nesses assuntos a partir da minha atuação por anos no universo da moda e por sua vez, dos famosos”, frisa.

A história começa no início dos anos 2000, e permeia os quinze anos seguintes da imprensa de moda e celebridades e encerra-se após sete anos em que a jornalista atuou como Relações Públicas nas principais agências de moda do país. Destaca-se para o pouco deslumbramento para o glamour do meio que lhe gerava um incômodo presente em toda a narrativa e que determina, em alguns momentos, sua relutância com aquele ambiente.

O livro se apresenta como um relato, uma conversa entre amigos, como define Mariana. Mesmo sem maquiar a realidade, a escritora dá nomes genéricos a alguns personagens. O processo da escrita, segundo a autora, foi leve, fluido e divertido, mas, até o projeto ser colocado no papel demorou cerca de 10 anos. “A ideia ficou à espera de autoconfiança para se concretizar”, detalha.

Experiências intensas, avassaladoras e inesquecíveis

A história contada no capítulo que abre o livro, narra como ela, convidada por uma amiga, participou de uma festa pós-show do Rolling Stones, no Rio de Janeiro, que incluía a presença eletrizante dos integrantes da banda inglesa, entre outras celebridades. No entanto, segundo a própria autora, a proximidade com os famosos nunca foi fator determinante para seguir atuando na área ou mesmo para entrar nesse universo. A sorte a levou a esses lugares, o retorno financeiro era satisfatório, então não restavam dúvidas a não ser cumprir o destino que se desenhava.

No entanto, segundo a própria autora, a proximidade com os famosos nunca foi fator determinante para seguir atuando na área ou mesmo para entrar nesse universo. A sorte a levou a esses lugares, o retorno financeiro era satisfatório, então não restavam dúvidas a não ser cumprir o destino que se desenhava.

O mérito do livro de Mariana diante de tantas outras obras que narram os bastidores dos famosos, como o hollywoodiano “O Diabo Veste Prada” (2006) e a série francesa “Dix Pour Cent” (2015-2021), é justamente o de revelar esse universo Made in Brazil. Ao optar por escrever os fatos em ordem cronológica, partindo ainda dos anos 1990 até meados de 2000, ela nos leva pela mão para acompanhar de perto o lado de dentro das histórias que só conhecíamos pelas capas de revistas de famosos e vai revelando ao passar do tempo como esse universo foi se transformando e modificando a própria autora.

Inclusive antes mesmo das histórias serem narradas, a escritora faz uma ressalva importante: o que ela descreve são cenas dos bastidores de um meio que ainda não discutia de forma veemente a inclusão de corpos diferentes nos desfiles. Era um mundo em que a magreza obscena imperava e as consideradas supermodelos estavam neste lugar porque possuíam uma estética inalcançável para a maior parte das mulheres.

É difícil sublinhar as passagens mais significativas do livro diante da riqueza dos relatos — no entanto, destacam-se as histórias de bastidores do São Paulo Fashion Week. Quem acompanha os desfiles na plateia ficaria perplexo se soubesse como o evento se movimenta backstage, carregado de tensão e egocentrismo. E gritos!

A sinceridade no relato de sua passagem por Londres também vale ser conferida. Na capital inglesa, a jornalista tinha por vezes abordar celebridades em busca de uma frase polêmica que pudesse ser manchete de revista. Mariana chegou a atuar freelancer para a People na época. Nesse trecho pululam do texto nomes como Anne Hathaway, Tom Hanks, Meryl Streep, Whitney Houston, e outros artistas do time A de Hollywood.

Ao longo do livro inúmeras outras personalidades se destacam e ganham atenção especial da autora, com capítulos inteiros dedicados a elas. O curioso é que nem sempre o leitor pode identificar no primeiro momento quem é a personagem descrita e por vezes nem uma busca no Google vai ajudar. Como foi dito, Mariana camuflou alguns dos nomes de clientes que foram bastante próximos com histórias de puro encantamento. Ficará a cargo do leitor tentar desvendar esse quebra-cabeça, ou somente aceitar o mistério e seguir.

Para o desfecho do livro, a escritora reserva sua despedida desse universo, uma mudança de vida completa, retornando às suas origens em Minas Gerais. Fechamento de um ciclo naquele mundo que proporcionou a ela experiências intensas, divertidas e transformadoras.

Confira um trecho do livro:

“Trabalhar com moda nessas agências, no início dos anos 2000, era badalado. A übermodel brasileira Gisele Bündchen havia chamado atenção para o cast das brasileiras e os telefones não paravam de tocar. As grandes agências enviavam “lotes” e mais “lotes” de meninas a fim de serem testadas nos Estados Unidos, Europa e Ásia. Todos os olheiros atentos ao “Padrão Gisele” nas praias do Rio de Janeiro e de Santa Catarina. Meninas em torno de quatorze anos, com altura mínima de 1,75m e magras, bastante magras. A aposta financeira e o consequente risco eram da agência, por isso, a próxima estrela poderia chegar às terras estrangeiras acumulando dívidas em torno de dez mil dólares com aqueles que as representavam.”

 

*Matéria publicada com informações da assessoria.

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