O Espetáculo da Ausência

O Espetáculo da Ausência

Livro de contos de Ney Anderson

O livro de contos O Espetáculo da Ausência (Editora Patuá), do escritor pernambucano, Ney Anderson, não tem compromisso com nada, além da ficção. Os textos carregam uma atmosfera de mistério, com personagens sempre à beira da existência. Os contos se interligam, mas cada um pode ser lido de forma separada, sem prejuízo na compreensão da ideia que eles propõem. O livro foi incluído entre os dez essenciais de maio pelo jornal O Estado de S. Paulo.

Neste primeiro livro de Ney Anderson, que também é jornalista e crítico literário, e mantém desde 2011 o site Angústia Criadora (www.angustiacriadora.com), fazendo resenhas e entrevistas com autores, os 33 contos são todos ambientados no Recife, mostrando personagens com as urgências do mundo contemporâneo. Algumas histórias são curtas. Outras, nem tanto. Essa preocupação nunca existiu, na verdade. A gênese do livro está nas situações-limite que os personagens passam.

O título reflete diretamente a incompreensão que os personagens têm com o mundo, com as histórias trafegando entre o real e o imaginário de cada um deles. É possível reconhecer o Recife dos camelôs, ambulantes, pontes e locais habitados por figuras sempre deslocadas do mundo tradicional. Mas não quer dizer que isso possa representar um bairrismo ou regionalismo, na tentativa de mostrar a cultura e o povo com as características peculiares, sotaques etc.

“Embora não deixe de ser uma homenagem à cidade, o Recife aparece como um ponto de encontro dos personagens, que trabalham, moram e vivem nesse cenário, mas estão sempre lutando contra os próprios demônios. O inferno de cada um. O absurdo aparece justamente na condição que os próprios personagens estão, na corda bamba da existência”, diz o autor.

Será que é por conta da ausência que o título carrega? Ou o contrário, são os pequenos espetáculos da sobrevivência de cada um deles? No entanto, os contos ficam na tentativa de revelar algo maior do que está escrito. O não dito nos textos fazem deles peças únicas, alegóricas, de um mundo infinitamente cruel e estranho, com o inesperado trafegando em todas as páginas.

É preciso cuidado, pois o livro é uma armadilha, que oferece a saída se o leitor souber decifrar as sutilezas. E como entender esses códigos? O cotidiano pode ser uma tentativa de se chegar até isso. Sem experimentalismos desconexos, as figuras decaídas criadas por Ney Anderson passam por momentos que começam aparentemente banais e mudam de rumo rapidamente, como a própria vida real, sem roteiro prévio ou direção certa.

Tudo está ao alcance dos olhos, pois o livro é um apanhado de histórias ficcionais, sem compromisso nenhum com a verdade, apenas com a suposição dela. Embora as histórias possam ser claramente uma influência do mundo exterior (qual história não é?), é a ficção pura que se sobressai. O real apenas no campo da imaginação, do ficcional, da pura literatura.

O autor diz que alguns temas conduzem os textos, como a finitude, por exemplo. “A morte, sem dúvida, é o tema que conduz a obra. Ela está impregnada em O Espetáculo da Ausência, principalmente no conto homônimo que dá título ao livro. Além da morte, outro tema recorrente é a metaficção em algumas ocasiões. Personagens escritores tentando entender a própria arte e a si mesmos. Os textos caminham pelo tom do suspense e da dúvida, com os contos sendo interligados e fundidos numa só ideia de autocriação”.

Dessa forma, os contos têm o signo nas perguntas sem respostas. Na incompreensão. Com um enorme poder de sugestão, o livro é um labirinto angustiante. Por vezes, claustrofóbico. Quando o leitor acha que está livre de uma história, ou personagem, ele está refletido em outra.

As ruas do Recife, o grito dos seus ambulantes, os becos e locais habitados por pessoas despercebidas da metrópole, quase invisíveis, estão presentes nos emaranhados das histórias deste livro. A cidade pulsa e o sangue não para de correr, como um coração formado por prédios, pontes, becos e vielas. Muito longe do cartão-postal da Veneza Brasileira.

“A capital pernambucana é apenas uma alegoria para a composição de histórias sombrias, contrastando com o clima sempre quente da cidade. Tudo isso pode fazer com que o leitor recifense se identifique, mas não apenas ele. Pois o livro lida com pessoas destroçadas, angustiadas, sem saber para onde estão indo. O universal da obra acontece de dentro para fora. Com os infortúnios de cada personagem em suspenso, na iminência de tragédias e danos irreversíveis”, comenta Ney Anderson.

A força narrativa está exatamente pelo não dito, num jogo de palavras e frases que precisam de maturação, embora fluam tranquilamente. É preciso estar atento para perceber os detalhes escondidos nos olhares, nas pequenas observações e nas situações aparentemente banais. A linguagem é o grande trunfo do livro, através das histórias se percebe uma literatura que não reinventa a roda, mas que é um exemplo de amor pela arte e tudo que ela pode representar.

Com apresentação de Raimundo Carrero (“mais do que um belo livro, um grande livro”), prefácio de Luiz Antonio de Assis Brasil (“é das coisas melhores que li nos últimos tempos”), posfácio de Cícero Belmar (“Ney Anderson não tem a empáfia dos modernosos nem a presunção de querer evocar para si a invenção da roda. Ele tem aquilo que se chama de luminosidade”). E ainda textos introdutórios de Andrea Nunes (“os contos são uma reprodução da cidade que nos habita”) e Santiago Nazarian (“Ney Anderson é um observador mordaz para vidas alheias, com uma sensibilidade ao mesmo tempo lírica e pop”), mas também com observações de Gilvan Lemos e Ney Matogrosso, O Espetáculo da Ausência já nasce embalado com as melhores indicações.

Serviço:

O Espetáculo da Ausência está com frete grátis no site da Editora Patuá enquanto durar a pandemia:

www.editorapatua.com.br

Valor: R$ 40

O ESPETÁCULO DA AUSÊNCIA NA IMPRENSA

Diário do Aço – 20/03/2020 – Minas Gerais

https://www.diariodoaco.com.br/noticia/0076819-o-inferno-dentro-de-cada-um

Agenda Cultural do Recife – 17/03/2020

https://agendaculturaldorecife.blogspot.com/2020/03/lancamento-do-livro-o-espetaculo-da.html

João Alberto – Diario de Pernambuco – 18/03/2020

http://www.impresso.diariodepernambuco.com.br/noticia/cadernos/viver/2020/03/joao-alberto-18-03.html

Coluna Escrita – Jornal do Commercio – Valentine Herold – 17/03/2020

https://jc.ne10.uol.com.br/cultura/2020/03/5602542-coluna-escrita–inscricoes-do-premio-hermilo-borba-filho-na-reta-final-e-lancamentos-da-cepe.html

Diário de Pernambuco – Juliana Aguiar –  04/05/2020

https://www.diariodepernambuco.com.br/noticia/viver/2020/05/pernambucano-ney-anderson-lanca-livro-de-contos-sobre-as-angustias-da.html

Coluna de Raimundo Carrero – Diario de Pernambuco – 04/05/2020

https://www.diariodepernambuco.com.br/noticia/opiniao/2020/05/a-alma-marginal.html

Bom dia Pernambuco – TV Globo – Pedro Lins – 07/05/2020

https://globoplay.globo.com/v/8537097/

Revista O Grito! – Isabela Lima Padilha – 12/05/2020 – Pernambuco

Folha de Pernambuco – 19/05/2020

https://www.folhape.com.br/diversao/diversao/literatura/2020/05/19/NWS,140943,71,585,DIVERSAO,2330-AMOR-URBANIDADE-CONTEMPORANEOS-LITERATURA-PERNAMBUCANA-DURANTE-PANDEMIA.aspx

A Nova Crítica – Sérgio Tavares – 27/05/2020

Aliás – ESTADÃO – André Cáceres e Antônio Gonçalves Filho –  30/05/2020

https://alias.estadao.com.br/noticias/geral,dez-livros-essenciais-recomendados-pela-equipe-do-alias-em-maio,70003319269

 JORNAL DO COMMERCIO – Valentine Herold – 31/05/2020

https://jc.ne10.uol.com.br/cultura/2020/05/5610760-questoes-urbanas-e-sombrias-no-primeiro-livro-de-ney-anderson—espetaculo-da-ausencia.html

Literatura e Fechadura – Fernando Sousa Andrade – 31/05/2020

https://www.literaturaefechadura.com.br/2020/05/31/fernando-andrade-entrevista-o-escritor-e-critico-literario-ney-anderson/?fbclid=IwAR1ar8rQiRF8QHZU_gtbBXFeDeXuegYvR74FzdHKsuU_AupyrjQlIhfNLN8

Revista Algomais –  Paulo Caldas – 17/06/2020

http://revista.algomais.com/cultura/critica-literaria-o-espetaculo-da-ausencia

Acontece nos Livros – Whisner Fraga – 02/07/2020

Acrópole Revisitada – Luigi Ricciardi – 10/07/2020

Blog João Alberto – 19/07/2020

Revista Germina  – 22/07/2020

https://www.germinaliteratura.com.br/2020/ney_anderson.htm